Na tentativa de buscar um alívio para aquela coceira, mas, principalmente, afastar mosquitos tipo pernilongos ou Aedes aegypti, que podem trazer novos incômodos e até doenças como dengue ou zika vírus, os repelentes surgem como uma das medidas mais eficazes, exceto para aquelas pessoas alérgicas ao produto e crianças menores de 2 anos.
A analista de marketing Marcele Ferreira, 20, por exemplo, tem alergia a um conservante presente na fórmula dos repelentes vendidos em farmácias. “Se usar, meus olhos lacrimejam muito, e o produto ainda fere a pele. Todos os meus cosméticos de higiene pessoal e maquiagem devem ser manipulados”, conta.
A alergia a qualquer produto químico depende da concentração dos componentes e da sensibilidade da pele do usuário, segundo o dermatologista Paulo Celso Budri Freire, professor da Faculdade IPEMED de Ciências Médicas.
Irritação, coceira e vermelhidão costumam ser os primeiros sintomas que se manifestam. Mas havendo maior absorção através de ferimentos e das mucosas também poderão ocorrer manifestações alérgicas tipo urticária (coceira pelo corpo). “Geralmente e felizmente, as alergias se limitam à pele, e o tratamento consiste em evitar o produto e usar antialérgicos locais ou sistêmicos”, complementa Freire.
Enquanto segue tratando com pomadas as feridas na pele provocadas pela alergia ao repelente, a funcionária pública Tânia Mara Mendes, 52, tenta se proteger de outras formas, conforme orientação de sua dermatologista. “A gente nunca acha que pode fazer mal, porque, de certa forma, o repelente é um medicamento, mas o meu quadro foi bem grave, fiquei empolada nas pernas e nos braços. Hoje, tento usar roupas finas e compridas, sapatos fechados e manter as janelas fechadas para afastar os mosquitos”, conta.
Uso infantil. No caso das crianças, o cuidado deve ser redobrado, orienta Freire. “Crianças pequenas podem manifestar mais sensibilidade a um produto químico se comparadas ao adulto, que tem a pele mais espessa, ‘curtida’. Não recomendo usar produtos de adultos em crianças menores de 12 anos”, diz.
Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde, as três substâncias capazes de afastar o Aedes aegypti são icaridina, IR3535 (etil butilacetilaminopropionato) e DEET (dietiltoluamida). De acordo com o dermatologista, entre 2 e 12 anos, a concentração do composto deve ser, no máximo, 10%, com aplicação restrita a três vezes ao dia. Concentrações superiores a 10% são permitidas para maiores de 12 anos.
Antes do uso, Freire recomenda aplicar o repelente inicialmente numa pequena área do corpo para avaliar a resposta alérgica da pessoa. Já para o uso contínuo, a quantidade de produto usada deve ser o suficiente para cobrir a pele.
“A ação do produto limita-se a 4 cm de distância, ou seja, se você aplicar nas bochechas, o nariz fica protegido. Deve-se evitar a boca, os olhos e o nariz. Aplicar o repelente a cada dez ou cinco horas, se a temperatura ambiente estiver alta, causando muita transpiração. Para quem frequenta praia ou piscina, a frequência da aplicação deve ser maior”, diz.
Para o ambiente
Repelentes: Afastam os mosquitos do ambiente. Podem ser encontrados em espirais, líquidos e pastilhas.
Cuidados: Repelentes em aparelhos elétricos ou espirais não devem ser utilizados em locais com pouca ventilação, perto de pessoas asmáticas ou com alergias respiratórias.
“Naturais”: Produtos à base de citronela, andiroba e óleo de cravo não possuem comprovação de eficácia nem a aprovação pela Anvisa até o momento.
Fonte: O Tempo